O governo de Donald Trump negou permissão para o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, fazer escala em Nova York a caminho da América Central, após a China ter levantado objeções a Washington sobre a visita.

Lai planejava transitar pelos Estados Unidos em agosto a caminho do Paraguai, Guatemala e Belize, que reconhecem Taiwan como país. Mas os EUA informaram a Lai que ele não poderia visitar Nova York no caminho, de acordo com três pessoas familiarizadas com a decisão.

Nesta segunda-feira (28), em Taipé, o gabinete de Lai emitiu um comunicado afirmando que ele não tinha planos de viajar para o exterior em um futuro próximo, pois Taiwan está se recuperando de um tufão recente e o governo está em negociações com os EUA sobre tarifas.

As pessoas familiarizadas com o assunto disseram que sua decisão de não viajar ocorreu após ele ter sido informado de que não teria permissão para visitar Nova York.

A decisão da Casa Branca aumentará as preocupações entre os apoiadores de Taiwan em Washington de que Trump esteja adotando uma postura mais branda em relação à China, enquanto pressiona para realizar uma cúpula com o presidente do país, Xi Jinping.

O jornal americano Financial Times noticiou nesta segunda que o Departamento de Comércio dos EUA foi instruído a congelar os rígidos controles de exportação planejados contra a China enquanto os países realizam negociações comerciais e discutem uma possível cúpula de alto nível.

Lai também planejava visitar Dallas, no Texas, em sua viagem. Não ficou claro se os EUA apenas negaram a permissão para visitar Nova York ou se ele foi informado de que não poderia transitar pelos EUA.

A China se opõe à visita de líderes taiwaneses aos EUA, que não mantêm relações diplomáticas oficiais com Taipé. Em 2023, o governo de Joe Biden permitiu que a então presidente Tsai Ing-wen parasse em Nova York a caminho de Belize e Guatemala.

A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário. O Escritório de Representação Econômica e Cultural de Taipé em Washington, que serve como embaixada do território, referiu-se à declaração do gabinete de Lai de que ele “atualmente não tem planos para visitas ao exterior em um futuro próximo”.

Bonnie Glaser, especialista em China e Taiwan do German Marshall Fund, disse que a decisão dos EUA sugere que “Trump quer evitar irritar Pequim enquanto as negociações entre EUA e China e o planejamento para uma possível cúpula com Xi Jinping estão em andamento”.

Glaser disse que a decisão relembrou eventos do primeiro mandato de Trump, quando ele adiou as vendas de armas para Taiwan e “enfureceu-se” depois que Alex Wong, um alto funcionário do Departamento de Estado que atuou como conselheiro adjunto de segurança nacional no início deste governo, visitou Taiwan para fazer comentários em uma conferência.

“Trump deveria resistir à pressão da República Popular da China, não ceder a ela”, disse Glaser. “Ao sinalizar que aspectos da relação dos EUA com Taiwan são negociáveis, Trump enfraquecerá a dissuasão e encorajará Xi a pressionar por concessões adicionais em relação a Taiwan.”

Várias pessoas familiarizadas com o debate disseram que o governo Trump está tentando evitar comprometer as negociações comerciais com a China. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o vice-premiê chinês, He Lifeng, iniciaram uma terceira rodada de negociações em Estocolmo nesta segunda.

O governo Trump também se absteve de tomar medidas duras contra a China depois que Pequim desacelerou a exportação de terras raras para os EUA em maio, usando seu domínio no setor para pressionar Washington.

Randy Shriver, ex-funcionário de alto escalão americano que atua como presidente do conselho do Instituto de Segurança Indo-Pacífico, disse que a decisão de impedir Lai de visitar Nova York o lembrou de períodos anteriores em que os EUA evitaram tomar medidas relacionadas a Taiwan que, na sua opinião, incomodariam Pequim. “Se isso for resultado da tentativa do governo de obter favores de Pequim, é um erro”, disse Shriver.



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