Rio Branco se encontra em um estado de alerta máximo, assolada por uma enchente de proporções históricas, desencadeada pela fúria do Rio Acre. As águas implacáveis subiram quase 60 centímetros nas últimas 24 horas, atingindo a marca alarmante de 15,71 metros às 9h deste sábado (15), segundo dados da Defesa Civil. A força devastadora do rio submergiu mais de 40 bairros, transformando ruas em rios e casas em ilhas, forçando milhares de famílias a abandonar seus lares e buscando refúgio em abrigos improvisados.

A escalada do nível do rio, que ultrapassou a cota de transbordamento de 14 metros desde a segunda-feira (10), revela a magnitude da crise. A cota de alerta, já estabelecida em 13,50 metros, foi amplamente excedida, resultando em uma situação de calamidade que se agrava a cada hora. A população, apreensiva e impotente diante da força da natureza, observa com angústia a água invadir suas casas, destruindo móveis, eletrodomésticos e recordações de uma vida inteira.

Os dados divulgados pela Defesa Civil pintam um quadro sombrio da devastação:

  • Aproximadamente 4,1 mil famílias sofrem as consequências diretas da inundação, perdendo seus bens e enfrentando a incerteza do futuro.
  • Mais de 60 famílias buscaram refúgio no Parque de Exposições Wildy Viana, transformado em um centro de acolhimento improvisado, onde encontram abrigo, alimentação e apoio emocional.
  • Cerca de 189 famílias estão desalojadas, encontrando abrigo temporário em casas de parentes ou amigos, sobrecarregando a rede de apoio familiar e comunitária.
  • 15 comunidades rurais foram isoladas, com três delas completamente inacessíveis, e um total de 930 famílias rurais afetadas, enfrentando a falta de alimentos, água potável e assistência médica.
  • 41 bairros da capital foram inundados, transformando a paisagem urbana em um mar de lama e escombros, e deixando um rastro de destruição e desespero.

A progressão da enchente não se limitou às últimas 24 horas. Ao longo deste sábado, o nível do rio continuou a subir, com medições registrando 15,64 metros às 6h, após o rio ter encerrado a sexta-feira com 15,51 metros às 21h. A cada nova medição, a apreensão aumenta, e a população se prepara para o pior.

A crise hídrica não se restringe à capital. No interior do estado, municípios como Porto Acre, Plácido de Castro e Cruzeiro do Sul também enfrentam o transbordamento de rios, com o Rio Juruá registrando elevação constante. A situação de emergência se espalha por todo o estado, exigindo uma resposta coordenada e urgente das autoridades.

Diante da gravidade da situação, o prefeito Tião Bocalom decretou estado de emergência na tarde de sexta-feira (14), visando agilizar a mobilização de recursos e a implementação de medidas de assistência à população afetada. A medida visa garantir a rápida aquisição de suprimentos essenciais, como alimentos, água potável, colchões, cobertores e medicamentos, para atender às necessidades básicas das famílias desabrigadas.

A prefeitura também anunciou medidas para aliviar o fardo financeiro sobre os moradores, como a isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 2025 para as áreas devastadas pela enchente. A medida busca garantir que os moradores não se preocupem com o pagamento de impostos em um momento de extrema dificuldade.

A Defesa Civil adverte que a previsão é de que o nível do Rio Acre continue a subir, podendo ultrapassar os 16 metros nos próximos dias, com a intensificação das chuvas prevista para segunda-feira (17). A população, já exausta e traumatizada, se prepara para enfrentar mais dias de sofrimento e incerteza.

As famílias desabrigadas estão sendo acolhidas no Parque de Exposições Wildy Viana, onde recebem alimentação, assistência médica, apoio psicológico e outros serviços essenciais. A orientação é que os moradores não tentem se deslocar para o abrigo por conta própria, devendo acionar as equipes de resgate pelo número 193 para que a retirada seja realizada de forma segura e organizada. A prioridade é garantir a segurança e o bem-estar de todos os afetados pela enchente.

Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues

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