
O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou nesta sexta-feira (8) que a distribuição de dividendos extraordinários pela estatal é pouco provável se o cenário atual de preços do petróleo persistir até o fim do ano.
A frustração com dividendos do segundo trimestre é um dos fatores que provocam tombo nas ações da empresa após divulgação do balanço do segundo trimestre, que trouxe lucro de R$ 26,6 bilhões e bons resultados operacionais.
“A gente adoraria pagar dividendo extraordinário, mas isso depende de termos excesso de caixa”, afirmou Melgarejo em entrevista à imprensa no início da tarde para detalhar o balanço.
“E isso depende de duas variáveis, preço [do petróleo] e quantidade [produzida]. A quantidade vai evoluindo, mas o preço não. Se continuar nesse patamar, vemos baixa probabilidade de ter dividendos extraordinários até o fim do ano.”
As ações da empresa derretiam na Bolsa no momento da entrevista, com frustração sobre os dividendos do segundo trimestre e preocupações sobre o ritmo de investimentos da estatal.. Por volta de 13h15, a queda superava 7%.
O mercado se alertou também com o anúncio do retorno ao setor de distribuição de combustíveis, aprovado pelo conselho de administração da estatal nesta quinta-feira (7), como foco inicialmente no mercado de gás de botijão.
“Trata-se de um segmento com margens historicamente mais apertadas, o que tende a reduzir a eficiência da alocação de capital e pressionar o rendimento anualizado do caixa livre”, afirmou, em relatório a Ativa Corretora.
A visão do analistas é que a entrada em um novo segmento que demanda altos investimentos possa impactar a distribuição futura de dividendos. O valor aprovado no segundo trimestre, de R$ 8,6 bilhões, já ficou inferior aos cerca de R$ 10 bilhões esperados.
Os analistas Monique Greco e Eric de Mello, do Itaú BBA, destacaram que os investimentos, um dos indicadores usados para definir dividendos, ficaram em US$ 4,4 bilhões (R$ 25 bilhões, pela cotação média do trimestre), acima do consenso do mercado.
Para Mateus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Modanese, do UBS BB, o volume de investimentos da é “tópico chave de discussões” sobre a empresa. Com os resultados divulgados até agora, dizem, a previsão de retorno sobre as ações (dividend yeld) cai de 12% para 10% em 2025.
Em teleconferência com analistas nesta sexta-feira (8), a direção da Petrobras defendeu que os investimentos impulsionaram indicadores operacionais da companhia, como a produção de petróleo e gás, que cresceu 5% em relação ao primeiro trimestre.
“Há um ramp up [crescimento] inequívoco da produção”, afirmou a presidente da estatal, Magda Chambriard, citando que o volume de petróleo produzido subiu 380 mil barris por dia desde o fim de 2024. “Só foi possível porque executamos nosso capex [programa de investimentos] e estamos acelerando tudo o que é possível.”
Questionado sobre a reação dos investidores nesta sexta, Melgarejo, disse que o mercado reconheceu de forma positiva o desempenho financeiro da companhia no trimestre e que 75% das recomendações de analistas sugerem compra de ações.
“Circunstancialmente, talvez [o investidor] tenha se frustrado um pouco o dividendo que foi gerado nesse trimestre, que foi impactado por eventos não recorrentes que não serão repetidos nos próximos períodos”, afirmou.
Magda disse que a empresa vem tomando medidas para se adaptar aos novos patamares de preço do petróleo. “É um cenário geopolítico desafiador, com flutuabilidade grande do preço final do nosso produto, que é óleo”, afirmou.
“É uma variável que não está sob nosso controle, mas a mitigação desse efeito na companhia está no nosso controle. Estamos respondendo com aumento da produção, velocidade de entrada da nossa produção e olhar muito grande e muito forte para redução de custos.”