
Por Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues – Para o Portal Colombense
Em tempos de desinformação, onde o sensacionalismo muitas vezes ofusca a verdade e a ética é tratada como um detalhe dispensável, lembrar-se de nomes como o de Elias Gláucio é não apenas necessário — é urgente. Mais que um jornalista, Gláucio foi um exemplo vivo do que significa honrar o ofício de informar. Uma figura discreta, mas profundamente marcante, cuja trajetória se confunde com a história recente da comunicação em Colombo.
A presente homenagem do Portal Colombense não é apenas o resgate da memória de um profissional; é também uma afirmação de princípios. É um tributo à retidão, à escuta verdadeira e à coragem silenciosa de quem, mesmo em meio a tempestades, optou por seguir o caminho da ética.
O contraste necessário: ética versus espetáculo
Durante anos, a cidade de Colombo foi refém de uma imprensa ruidosa, barulhenta e parcial. Veículos e profissionais travestidos de jornalistas agiam como mercadores de manchetes, especialistas na arte de triturar reputações em troca de favores políticos ou interesses particulares. Essa imprensa marrom não apenas manchou o jornalismo local, como feriu a própria democracia.
Elias Gláucio jamais se prestou a esse papel. Enquanto muitos se dobravam ao jogo de influências, ele mantinha-se de pé, sustentado por princípios sólidos e por um compromisso inegociável com a verdade. Seu jornalismo não feria, mas esclarecia. Não seduzia pelo escândalo, mas conquistava pela confiança.
A notícia como dever moral
Para Gláucio, o jornalismo nunca foi uma profissão comum. Era, acima de tudo, um dever moral com o leitor e com a cidade. Cada texto seu carregava o peso da responsabilidade, da apuração rigorosa, da escuta atenta e do zelo com a palavra. Não se tratava apenas de reportar fatos, mas de oferecer compreensão.
Como escreveu Cláudio Abramo, “jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter”. Elias encarnou essa frase sem nunca precisá-la citar. Seu nome tornou-se sinônimo de sobriedade, precisão e respeito, num tempo em que a gritaria muitas vezes se impunha sobre a razão.
Um cronista da cidade e de seu povo
Elias Gláucio era mais que repórter. Era um observador atento das pequenas histórias, dos dramas cotidianos, das belezas que se escondem nos bastidores da cidade. Conversava com lideranças, ouvia cidadãos comuns, valorizava a memória local. Seu texto tinha alma, porque sua escuta era humana. E isso fez toda a diferença.
Foi um dos poucos jornalistas que souberam fazer da palavra um instrumento de conciliação, e não de guerra. Quando necessário, denunciou com firmeza — mas sempre com provas, com ponderação, com respeito aos fatos. Nunca se deixou contaminar pelo imediatismo da manchete vazia.
Referência para novas gerações
Hoje, num cenário de renovação da imprensa local, em que novos nomes e projetos surgem com fôlego ético e independência, Elias Gláucio é lembrado como pioneiro e referência. Muitos dos que hoje ocupam o espaço público da comunicação em Colombo — inclusive este jornalista que assina — foram, de alguma forma, inspirados por sua trajetória discreta e exemplar.
Sua atuação abriu caminho para um jornalismo possível: firme sem ser violento, crítico sem ser destrutivo, comprometido sem ser parcial. Um jornalismo que não teme o silêncio, porque sabe que muitas vezes ele é mais eloquente que o ruído.
Reconhecimento e gratidão
Em nome do Portal Colombense, esta é uma homenagem que se estende para além do papel — ou da tela. É um reconhecimento da importância histórica e moral de Elias Gláucio para a imprensa da cidade. Um agradecimento por ter mostrado, com cada linha escrita, que é possível fazer jornalismo sem trair os valores fundamentais da profissão.
Num tempo em que o mundo clama por vozes confiáveis, Elias será sempre lembrado como aquele que, mesmo sem gritar, foi ouvido — e acreditado. Um profissional que fez da ética o seu norte e do respeito ao público, sua bússola.
Legado vivo
Seu legado não se resume aos textos assinados ou às coberturas que realizou. Ele está presente na consciência dos novos comunicadores, na credibilidade resgatada da imprensa colomnense e, sobretudo, na certeza de que o jornalismo, quando praticado com dignidade, transforma — e eleva.
Como diria Ryszard Kapuściński, “para ser um bom jornalista, é preciso, antes de tudo, ser uma boa pessoa.” Elias Gláucio foi isso e muito mais. Um exemplo que não se apaga. Um nome que não se esquece. Um ofício que, por sua causa, continua digno.
Agradecimento Final: Em nome de todos que acreditam no bom jornalismo
Encerrar esta homenagem sem um agradecimento à altura seria omitir o mais essencial. O Portal Colombense, em consonância com os princípios que norteiam sua existência, manifesta sua mais profunda gratidão a Elias Gláucio — não apenas pelo profissional que foi, mas pela referência moral que se tornou. Sua conduta silenciosa e firme elevou o patamar da imprensa local e mostrou que é possível fazer jornalismo sem se curvar aos vícios históricos que tanto assombraram nossa cidade.
A Elias, agradecemos pelo exemplo. Pelo zelo com a informação. Pela delicadeza com as palavras e, principalmente, pela coragem ética em tempos onde tantos preferiram o atalho fácil da manipulação. Em cada linha que escreveu, havia uma lição. Em cada silêncio, uma postura. Em cada escolha editorial, uma renúncia a tudo o que fosse menor que a verdade.
Agradecemos pelo incômodo que sua existência provocou nos que insistiam em praticar o jornalismo como arma de destruição. Sua presença — e mais ainda sua coerência — foi uma denúncia viva contra a imprensa vendida, o oportunismo editorial e o autoritarismo travestido de manchete.
Ao mesmo tempo, agradecemos pela inspiração que ofereceu aos novos comunicadores. Muitos dos profissionais que hoje renovam a imprensa de Colombo com projetos sérios, investigações responsáveis e pautas humanizadas foram, direta ou indiretamente, tocados por seu estilo sóbrio e elegante de comunicar. Há, entre os que hoje escrevem, editam, gravam ou transmitem, uma reverência silenciosa à sua memória — que é, sobretudo, viva e atuante.
Agradecemos, ainda, pelo modo como olhou a cidade. Elias não enxergava Colombo como palco de escândalos, mas como um organismo vivo, repleto de contradições, histórias, vozes e sonhos. Sua escuta cuidadosa às periferias, sua atenção às lideranças comunitárias, seu respeito aos pequenos acontecimentos que revelavam grandes verdades — tudo isso fez dele mais que jornalista: fez dele cronista do espírito colomnense.
E por fim, agradecemos por ter resistido. Por não ter cedido. Por não ter se calado quando era mais cômodo fingir que não havia nada a dizer. Elias Gláucio foi, é e continuará sendo um pilar simbólico daquilo que esta nova imprensa deseja: uma comunicação ética, humana e comprometida com o bem público.
Que seu nome seja lembrado não apenas nas redações, mas nas escolas, nos centros culturais, nos arquivos históricos e nos sonhos de cada jovem que deseja informar sem corromper-se. Que seus textos sejam lidos não só como registros jornalísticos, mas como documentos morais. Que sua postura continue a ensinar mesmo após o fim de cada frase.
Em nome de todos que fazem o Portal Colombense, em nome da comunidade que valoriza a verdade e da história que exige integridade, dizemos:
Obrigado, Elias. O jornalismo de verdade tem sua assinatura.