
pascoa 2025
Por Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues
A Páscoa, para além de seu profundo significado religioso, emerge anualmente como um catalisador econômico de considerável impacto. O período, marcado pela tradição da troca de ovos de chocolate, pelo consumo de pescados e por reuniões familiares, injeta recursos em diversos setores, desde a indústria alimentícia até o comércio varejista e o setor de serviços. Contudo, sob a lente da direita liberal, essa influência econômica da Páscoa merece uma análise que transcenda os números positivos de vendas, ponderando sobre os mecanismos de mercado, a liberdade de escolha do consumidor e o papel (limitado) do Estado nesse contexto.
A tradição dos ovos de chocolate, inegavelmente o carro-chefe do comércio pascoal, movimenta uma cadeia produtiva extensa. Desde os produtores de cacau até as grandes indústrias de chocolate, passando pelos distribuidores, atacadistas e varejistas, milhares de empregos são direta e indiretamente impactados. A competição entre as marcas, a inovação em formatos e sabores, e as estratégias de marketing agressivas são elementos típicos de um mercado dinâmico, onde a preferência do consumidor, soberana, dita as regras do jogo. A direita liberal celebra essa livre concorrência, onde empresas buscam atender às demandas do público da forma mais eficiente e criativa possível, gerando riqueza e oportunidades.
O consumo de pescados, impulsionado pela tradição católica da Quaresma e da Sexta-Feira Santa, também representa um impulso significativo para o setor pesqueiro e para os estabelecimentos que comercializam esses produtos. A sazonalidade da demanda exige dos produtores e comerciantes uma gestão eficiente de estoques e uma adaptação às preferências dos consumidores, que muitas vezes buscam opções diferenciadas e de maior valor agregado durante esse período. Mais uma vez, a liberdade de escolha do consumidor e a capacidade de resposta do mercado são os pilares dessa dinâmica econômica.
O setor de serviços, especialmente bares, restaurantes e o segmento de turismo, também se beneficia do espírito festivo da Páscoa e dos feriados prolongados que, por vezes, a acompanham. As reuniões familiares, os almoços especiais e as viagens curtas movimentam a economia local, gerando receita para pequenos e grandes negócios. A capacidade de empreendedores em oferecer experiências diferenciadas e em atrair a demanda é crucial para o sucesso nesse período, em consonância com os princípios da livre iniciativa e da adaptabilidade defendidos pelo liberalismo.
No entanto, uma análise puramente numérica do impacto econômico da Páscoa pode obscurecer nuances importantes. A direita liberal, embora reconheça a importância do consumo e da atividade econômica, também enfatiza a necessidade de um ambiente de negócios desburocratizado, com baixa carga tributária e mínima intervenção estatal. É fundamental questionar se o Estado, em seus diferentes níveis, não impõe entraves excessivos à produção e comercialização dos bens e serviços relacionados à Páscoa, seja através de regulamentações complexas, impostos elevados ou fiscalização desproporcional.
A carga tributária sobre os produtos alimentícios, incluindo o chocolate e o pescado, impacta diretamente o preço final ao consumidor, podendo restringir o acesso de famílias de menor renda a esses itens tradicionais. Uma reforma tributária que simplifique o sistema, reduza a alíquota sobre o consumo e elimine impostos em cascata seria benéfica para estimular a demanda e impulsionar ainda mais a economia durante a Páscoa e em outros períodos do ano.
Da mesma forma, a burocracia excessiva pode dificultar a vida de pequenos produtores e comerciantes, impedindo-os de aproveitar plenamente as oportunidades geradas pela demanda sazonal da Páscoa. A simplificação dos processos de registro, licenciamento e fiscalização é essencial para fomentar o empreendedorismo e a criação de novos negócios, especialmente em setores como a produção artesanal de chocolates e a venda de pescados frescos.
A direita liberal também valoriza a responsabilidade individual e a liberdade de escolha do consumidor. As decisões de compra durante a Páscoa devem ser pautadas pela informação clara e transparente sobre os produtos, sem manipulação ou publicidade enganosa. O papel do Estado, nesse sentido, deve se restringir à proteção dos direitos do consumidor e à garantia de um mercado competitivo e ético.
É interessante observar como a globalização e o comércio internacional também influenciam a economia da Páscoa no Brasil. A importação de chocolates e pescados, por exemplo, pode oferecer aos consumidores uma maior variedade de produtos e, em alguns casos, preços mais competitivos. No entanto, é crucial que essa competição seja justa, sem práticas de dumping ou subsídios que prejudiquem a produção nacional. A defesa de um livre comércio equilibrado, com regras claras e transparentes, é um princípio fundamental do liberalismo econômico.
A Páscoa, portanto, representa um microcosmo das dinâmicas do mercado. A interação entre oferta e demanda, a competição entre empresas, as escolhas dos consumidores e a influência (desejavelmente limitada) do Estado moldam o impacto econômico desse período. Uma análise liberal discreta reconhece o potencial da Páscoa para gerar atividade econômica e renda, mas também alerta para a necessidade de um ambiente de negócios livre, desburocratizado e com uma carga tributária razoável, para que esse potencial seja plenamente realizado em benefício de toda a sociedade.
O “ovo da discórdia” para a economia liberal reside justamente na ponderação entre o estímulo ao consumo e a necessidade de um Estado menos intrusivo. A celebração da Páscoa pode e deve ser acompanhada de uma reflexão sobre como as políticas públicas podem criar um ambiente mais propício ao empreendedorismo, à inovação e à liberdade econômica, não apenas durante esse período sazonal, mas ao longo de todo o ano. Um mercado vibrante e livre é o verdadeiro motor de uma economia próspera, capaz de gerar oportunidades e bem-estar para todos os cidadãos, independentemente da época do ano.
Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues