Pete Hegseth, o secretário de Defesa dos EUA, parece achar que não. Ele repostou em suas redes sociais e elogiou segmento de um programa da CNN no qual pastores de uma igreja cristã conservadora afirmam que mulheres não deveriam votar.

Para esse grupo de religiosos, liderados pelo pastor Doug Wilson, o direito a voto deveria ser familiar e não individual. Ele seria exercido pelos maridos, mas eles deveriam antes discutir o assunto com suas esposas.

A primeira coisa que salta aos olhos aqui é a qualidade do secretariado de Donald Trump. Pensar que Hegseth exerce algum tipo de comando sobre as Forças Armadas mais poderosas do planeta dá um friozinho na barriga.

E o ex-comentarista da Fox News não é um caso isolado. O gabinete do Agente Laranja também conta com um secretário de Saúde que é contra vacinas, além do próprio Trump, que pode, só com um pouco de exagero, ser descrito como líder da nação mais “capitalista” do mundo que vem se esforçando para destruir o capitalismo.

Voltemos, porém, ao direito a voto. Um dos principais acertos das democracias modernas foi acabar com exigências de renda mínima e de alfabetização para uma pessoa poder votar, além, é óbvio, da extensão desse direito às mulheres. A enorme ampliação do eleitorado exerceu uma série de efeitos positivos sobre as democracias.

Elas passaram a ter maior preocupação social, o que se converteu em educação gratuita para todos, que mais tarde se converteu em maior crescimento econômico. Mais eleitores também significaram maior legitimidade política, menos fraudes e maior vigilância sobre os políticos.

Os efeitos foram tão tonificantes que alguns cientistas políticos sugerem novas expansões do direito de voto, agora para abarcar crianças e estrangeiros. O receio inicial de que massas ignaras se tornariam presas preferenciais de populistas não se confirmou. As pesquisas eleitorais mostram que o populismo afeta todas as classes sociais sem grandes distinções.

Hegseth, como quase tudo no governo Trump, está errado.


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