
todos pela vida
Colombo, PR — O som das motos ressoa intensamente pelas ruas e avenidas de Colombo. Para alguns, esse som representa liberdade, aventura, praticidade e agilidade. Para outros, é o prenúncio de mais uma tragédia. Jovens aceleram sem medo, cortam o trânsito sem capacete, empinam como se estivessem imunes ao perigo, esquecendo que por trás de cada acidente existe uma família destruída, um futuro interrompido e um vazio irreparável. A imprudência, a negligência e a falta de consciência têm se tornado elementos constantes nos relatos dos socorristas do SAMU e do SIATE. E, infelizmente, Colombo tem sido palco de uma verdadeira epidemia de acidentes envolvendo motocicletas.
Os números são alarmantes. E cada estatística tem um rosto, um nome, uma história que precisa ser lembrada.
Em 2024, de acordo com dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Colombo registrou 82 acidentes de moto, resultando em 18 mortes confirmadas e mais de 40 feridos graves, muitos com sequelas permanentes. Na Região Metropolitana de Curitiba, os dados são ainda mais impactantes: foram mais de 1.300 ocorrências, com 325 óbitos, sendo a maioria absoluta de vítimas jovens com idades entre 18 e 30 anos. Essa é uma faixa etária que deveria estar construindo carreiras, formando famílias, crescendo pessoal e profissionalmente. Em vez disso, muitos têm a vida interrompida ou comprometida para sempre.
Segundo levantamento do SAMU Paraná, em todo o estado, foram mais de 9 mil atendimentos envolvendo acidentes de moto apenas em 2024. Grande parte deles concentrados na Região Metropolitana. O SIATE, em Colombo, realizou 1.537 atendimentos de urgência a motociclistas, sendo 89% desses com traumas severos: traumatismo craniano, fraturas expostas, lesões na coluna e danos permanentes nos membros inferiores.
Cada chamado do SAMU e do SIATE é um novo capítulo de dor. Os profissionais relatam cenas devastadoras, corpos mutilados, jóvens agonizando no asfalto e famílias desesperadas nos hospitais. Há pais que reconhecem os filhos apenas pelas roupas, mães que não conseguem se despedir e amigos que nunca mais vão esquecer o grito da sirene no meio da noite.
Carlos Eduardo, 23 anos, morador da Vila Zumbi, perdeu a vida em um acidente brutal. Tentava desviar de um buraco em alta velocidade quando colidiu frontalmente com um ônibus. Não usava capacete. Morreu na hora. Era trabalhador, filho exemplar, querido por todos.
“Ele era minha vida. Meu único filho. Se tivesse com capacete, talvez hoje estivesse aqui. Não deixem isso acontecer com mais ninguém”, lamenta Marta Silva, mãe de Carlos.
João Marcos, 26 anos, sobreviveu a um acidente violento, mas carrega sequelas que o acompanharão para sempre:
“Minha coluna nunca mais foi a mesma. Vivo com dores, não consigo mais trabalhar como antes. Tudo mudou. E tudo poderia ter sido evitado.”
Essas histórias se repetem. Se multiplicam. E cada uma delas é um grito por mudança.
Diante desse cenário desolador, nasce a campanha “Moto Não é Brinquedo: Cada Queda Tem uma História”.
Idealizada pelo Portal Colombense em parceria com a Prefeitura de Colombo, Guarda Municipal, Polícia Militar, SAMU, SIATE, entidades da sociedade civil, escolas e comércios locais, a campanha tem como objetivo mobilizar a população para uma causa urgente: a preservação da vida.
As ações da campanha incluem:
- Blitzes Educativas nas principais avenidas de Colombo, com distribuição de panfletos, orientação, e fiscalização em parceria com a Polícia Militar e a Guarda Municipal;
- Palestras em Escolas e Empresas, com enfoque no público jovem, para promover o uso correto e consciente da motocicleta;
- Descontos em Equipamentos de Proteção, em parceria com lojas de motopeças e centros automotivos, facilitando o acesso a capacetes certificados e equipamentos obrigatórios;
- Série de Vídeos e Depoimentos Reais, com histórias de vítimas e familiares, que serão divulgados nas redes sociais e em campanhas de massa;
- Criação do Dia Municipal da Conscientização sobre Acidentes com Motocicletas, com proposta em trâmite na Câmara de Vereadores.
A população também está sendo chamada a participar ativamente:
- Compartilhando os materiais da campanha;
- Apoiando os eventos promovidos nos bairros;
- Participando das reuniões comunitárias sobre segurança no trânsito;
- Sendo exemplo: usando capacete, respeitando a sinalização, alertando amigos e familiares.
Essa campanha é sobre empatia. É sobre humanidade. É sobre salvar vidas.
Não podemos mais nos calar. Não podemos tratar a tragédia com normalidade. Cada moto que passa em alta velocidade sem capacete é uma roleta-russa em curso. Cada acidente evitado é uma família preservada. Cada vida salva é uma vitória de todos.
Não é apenas uma campanha. É um pacto pela vida.
Colombo não quer mais chorar seus filhos. Colombo quer abraçá-los no fim do dia. Quer vê-los voltar para casa, sãos e salvos. Quer que o ronco do motor seja sinônimo de trabalho, de futuro, e não de luto.
Participe. Compartilhe. Cuide de quem você ama. Porque moto não é brinquedo. Porque cada queda tem uma história. E nenhuma vida perdida volta atrás.