
A confirmação de Charles do Bronx contra Rafael Fiziev como luta principal do UFC Rio, no dia 11 de outubro, escancara uma estratégia ousada — e financeiramente arriscada — do Ultimate. Apesar de ser um dos atletas mais populares da atualidade, Charles carrega uma bolsa milionária, e colocar um nome desse calibre num evento que não será pay-per-view, em um país com moeda desvalorizada e custos operacionais elevados como o Brasil, representa uma equação difícil de fechar no azul.
Não é de hoje que realizar eventos no Rio de Janeiro pesa no bolso da organização. Mesmo nas duas últimas edições no Rio, ambas numeradas e com disputas de cinturão envolvendo nomes como Glover Teixeira, Deiveson Figueiredo e Alexandre Pantoja, a venda de ingressos não foi um sucesso total — algo impensável para cards com campeões brasileiros. Dessa vez, sem um cinturão em jogo e em um card Fight Night, a missão comercial é ainda mais desafiadora.
A aposta do UFC, ao que tudo indica, é usar Charles como isca para reacender a chama do MMA no Brasil. Ao lado de Alex Poatan, ele é o maior nome do país hoje. Ídolo de massa, com apelo popular que vai além do octógono, Charles tem poder de tração. E há um componente de retribuição também: ele já manifestou publicamente o desejo de lutar em casa, diante da torcida, e esse retorno ao Rio pode ser visto como uma forma de reconhecimento pelos anos de entrega ao UFC.