Israel avançou com seu plano de tomar a Cidade de Gaza na madrugada desta quinta-feira (14), quando demoliu casas no leste da localidade, matando pelo menos 11 pessoas em ataques aéreos e terrestres, segundo médicos e testemunhas.

De acordo com relatos, oito pessoas foram mortas quando disparos de tanques israelenses atingiram uma casa no bairro de Zeitoun, e um homem foi morto em um ataque aéreo a um edifício no subúrbio de Shejaia, na mesma região. Outras duas pessoas foram mortas por disparos de tanques em Tuffah, uma terceira localidade da Cidade de Gaza.

As autoridades locais de saúde disseram ter recebido ligações desesperadas de famílias presas em Zeitoun após os ataques, incluindo de pessoas que relatavam estar feridas. As ambulâncias não teriam conseguiam alcançá-las.

“As explosões são quase ininterruptas nas áreas orientais de Gaza, principalmente Zeitoun e Shejaia. A ocupação [Israel] está derrubando casas lá, conforme ouvimos de alguns amigos que moram nas proximidades”, disse à agência de notícias Reuters Ismail, da Cidade de Gaza.

“À noite, rezamos por nossa segurança enquanto os sons das explosões ficam mais altos e mais próximos. Esperamos que o Egito possa garantir um acordo de cessar-fogo antes que todos estejamos mortos”, completou o morador de 40 anos, por meio de um aplicativo de mensagens.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 54 pessoas morreram e 831 ficaram feridas no território nesta quinta, o que eleva o número de mortes desde o início da guerra, de acordo com a pasta, para 61.776.

Em um esforço para interromper a ofensiva, o Egito tem tentado reavivar as negociações por um cessar-fogo. Na terça (12), o país recebeu uma delegação do Hamas liderada pelo principal negociador do grupo terrorista, Khalil Al-Hayya. Já o chefe de espionagem do Mossad, David Barnea, está visitando o Qatar para retomar as conversas, disseram duas autoridades israelenses à Reuters nesta quinta.

Na quarta (13), Hayya disse aos mediadores no Cairo que o Hamas estava pronto para tentar alcançar uma trégua temporária e estava aberto a discutir um acordo abrangente que encerraria a guerra, disseram egípcios e palestinos.

Apesar das declarações, a última rodada de negociações no Qatar terminou em impasse no final de julho, com Israel e Hamas trocando acusações sobre a falta de progresso em relação a uma proposta dos Estados Unidos para uma trégua de 60 dias e um acordo de libertação de reféns.

As diferenças entre os lados parecem permanecer nas principais questões: a extensão da retirada militar de Israel, do lado do Hamas, e as exigências para que a facção se desarme, do lado de Tel Aviv.

Embora improvável, a trégua é urgente para a população de Gaza, que, após mais de 22 meses de guerra, enfrenta uma situação humanitária dramática devido à devastação no território e aos bloqueios de ajuda do Estado judeu.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais quatro pessoas morreram de fome e desnutrição no território nas últimas 24 horas, o que elevaria o total de mortos por essas causas para 239 desde o início da guerra, incluindo 106 crianças. Israel contesta os números e diz que não há um problema de fome generalizada no território.

No final de julho, o IPC (Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar), iniciativa apoiada pela ONU, afirmou que Gaza sofre “o pior cenário possível” de fome. “Evidências crescentes mostram que a insegurança alimentar generalizada, a desnutrição e as doenças estão provocando um aumento nas mortes relacionadas à falta de alimentos”, disse a entidade em um relatório.

De acordo com a organização, uma em cada três pessoas “passa vários dias sem comer nada”. “Mais de 20 mil crianças foram atendidas por desnutrição aguda de abril a meados de julho, das quais mais de 3.000 sofriam com desnutrição severa”, acrescentava o documento.

A sede também é um problema cada vez maior à medida que as temperaturas sobem na região. Segundo a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, afirmou que os termômetros passaram os 40°C nesta quinta, “piorando ainda mais uma situação já desesperadora”.

“Com água disponível muito limitada, a desidratação está aumentando. Os bombardeios e os deslocamentos forçados continuam. Com eletricidade e combustível limitados, não há alívio para o calor extremo”, disse a entidade.



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