
Mas o que realmente significa inclusão? Mais do que palavras bonitas ou campanhas pontuais, a inclusão deve ser um compromisso prático. Incluir é proporcionar a crianças e adultos autistas um ambiente de aprendizado adaptado às suas necessidades. É garantir que o mercado de trabalho esteja aberto para suas habilidades e talentos. É romper com barreiras sociais que ainda segregam e limitam oportunidades.
Hoje, no Dia Internacional da Conscientização do Espectro Autista, somos chamados a refletir sobre a verdadeira essência da inclusão. A data não é apenas um marco no calendário; é um convite para uma mudança de postura, para um compromisso real com o respeito, a empatia e a construção de uma sociedade onde todos tenham seu espaço e sejam valorizados por suas singularidades.
Muitas vezes, ouvimos discursos sobre a importância da inclusão, mas na prática, a realidade é bem diferente. Famílias lutam diariamente por diagnóstico precoce, por atendimentos especializados, por compreensão na escola, no trabalho e na sociedade. E quantos ainda têm seus direitos negligenciados? Quantas crianças são privadas de um ensino adequado por falta de preparo ou estrutura? Quantos pais se sentem impotentes diante de um sistema que deveria acolher, mas que muitas vezes exclui?
A inclusão não pode ser um favor. Não pode ser uma concessão feita por quem está no poder ou por instituições que decidem quando e como incluir. A inclusão é um direito! E direitos não são negociáveis.
Precisamos de ações concretas. Precisamos de políticas públicas eficazes que garantam atendimento adequado desde a infância. Precisamos de educadores preparados, de salas de aula que acolham e não excluam. Precisamos de empregadores que vejam no profissional autista um talento valioso e não um obstáculo. Precisamos de uma sociedade que não apenas tolere, mas que respeite, acolha e celebre as diferenças.
A mudança começa em cada um de nós. Que tal rever a forma como tratamos a inclusão no dia a dia? Que tal ensinar nossas crianças a conviver com as diferenças desde cedo? Que tal cobrar das autoridades uma educação que realmente inclua? Que tal dar voz a quem sempre foi silenciado?
A consciência sobre o espectro autista é o primeiro passo. Mas a consciência sozinha não basta. A inclusão só será real quando deixarmos de tratar as pessoas autistas como “especiais” e passarmos a tratá-las como cidadãos plenos de direitos, assim como qualquer outro.
Neste dia de reflexão, deixo um convite: que não seja apenas uma data, mas um compromisso diário. Que o respeito, a empatia e a inclusão estejam presentes em todas as nossas ações. Afinal, uma sociedade justa e inclusiva é aquela que reconhece o valor de cada um, independentemente das suas diferenças.
Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues | Portal Colombense