
NOTA OFICIAL – PORTAL COLOMBENSE
Sobre a paralisação dos profissionais da educação pública de Colombo – Reflexão Ética, Técnica e Institucional
O Portal Colombense, enquanto instância de mediação jornalística, com compromisso irrestrito com a informação verificada, o respeito à dignidade institucional e à pluralidade dos agentes públicos e sociais, vem, por meio desta nota oficial, manifestar sua posição sobre a paralisação dos profissionais da educação pública municipal de Colombo, estado do Paraná, convocada por meio de deliberação sindical com ampla adesão da categoria.
É necessário, de início, afirmar que a mobilização dos educadores, no marco do Estado Democrático de Direito, configura um direito constitucionalmente assegurado, conforme previsto no artigo 9º da Constituição Federal de 1988, que garante aos trabalhadores civis a prerrogativa de se organizarem e mobilizarem coletivamente em defesa de suas condições de trabalho, desde que respeitados os dispositivos legais. A paralisação ora anunciada se inscreve, portanto, no conjunto das manifestações legítimas de uma categoria profissional que historicamente se viu desvalorizada, sub-remunerada e constantemente pressionada pelas limitações estruturais da máquina pública.
A pauta de reivindicações apresentada pelos representantes da categoria docente do município contempla demandas objetivas e juridicamente fundamentadas, como a atualização e cumprimento do piso nacional do magistério, previsto na Lei nº 11.738/2008, a reestruturação do plano de carreira, a revogação de decretos que impactam diretamente os direitos adquiridos e a abertura efetiva de canais permanentes de diálogo com a administração municipal. Estas demandas são reflexo de um contexto mais amplo de desvalorização do magistério em âmbito nacional, agravado por políticas de austeridade fiscal, defasagem inflacionária, aumento da carga burocrática e escassez de recursos para formação continuada, infraestrutura e bem-estar profissional.
Por outro lado, cumpre destacar que este Portal nutre e continuará nutrindo respeito institucional pela figura do prefeito municipal Helder Lazarotto, cuja trajetória na vida pública é marcada pela técnica, por uma condução administrativa relativamente equilibrada em um cenário de instabilidade federativa e por esforços visíveis em áreas como saúde, mobilidade urbana e gestão fiscal. A complexidade da administração pública contemporânea, sobretudo em cidades de médio porte como Colombo, impõe ao gestor uma árdua tarefa de conciliar limitações orçamentárias, vinculações constitucionais de recursos e pressões legítimas de setores organizados da sociedade civil.
Entretanto, é justamente nos momentos de maior tensão institucional que se faz necessária a afirmação do diálogo como ferramenta de construção republicana. A ausência de escuta qualificada por parte do poder público, aliada à natural exaustão das vias formais de negociação, é o que frequentemente conduz a categoria docente a ações mais drásticas. A paralisação, portanto, não deve ser compreendida como afronta à autoridade do Executivo, mas como grito por reconhecimento e espaço na mesa de decisões. O fortalecimento das relações institucionais entre sindicatos, conselhos de educação, secretarias e a chefia do poder Executivo não se dá pela supressão do conflito, mas sim por sua mediação ética, técnica e democrática.
É preciso também ponderar que a crise da valorização do magistério não é responsabilidade exclusiva de uma gestão municipal específica. Trata-se de uma chaga histórica que perpassa sucessivos mandatos, heranças administrativas, decisões legislativas omissas e políticas educacionais pouco integradas às realidades locais. Deste modo, a crítica que hoje emerge nas ruas e assembleias deve ser compreendida como oportunidade de correção institucional e não como mero embate político-partidário. Toda gestão pública digna deste nome deve ser capaz de reconhecer os limites da sua ação e, sobretudo, as demandas justas da coletividade, mesmo quando estas contrariam seu planejamento original.
O Portal Colombense, nesta nota, posiciona-se a favor de um pacto emergencial pelo respeito mútuo entre os educadores da rede municipal e a atual gestão, propondo a instalação imediata de uma mesa técnica de negociação com a presença de representantes do magistério, do Poder Executivo, do Poder Legislativo, do Conselho Municipal de Educação e de observadores da sociedade civil organizada. O objetivo deve ser o de promover a escuta ativa, o levantamento dos impactos reais das medidas reivindicadas sobre o orçamento municipal e o cronograma possível de atendimento das demandas, sem abrir mão da legalidade fiscal, mas também sem negligenciar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da valorização do trabalho.
Não é aceitável que, em pleno ano de 2025, o município de Colombo esteja enfrentando embates típicos de uma estrutura educacional do século passado, quando já se tem à disposição dados robustos, instrumentos de planejamento estratégico, audiências públicas, conselhos participativos e ferramentas digitais de escuta. O desafio de superar a crise atual passa necessariamente pelo reconhecimento da maturidade política dos envolvidos, da autonomia pedagógica da escola pública e da função social do professor.
Por fim, reforçamos que o Portal Colombense manterá sua posição de imparcialidade editorial, sem, contudo, abdicar de sua função cívica de denunciar retrocessos, evidenciar boas práticas e promover a cultura democrática em sua plenitude. Continuaremos ouvindo os dois lados do debate, publicando as vozes que compõem essa pauta com equilíbrio e sem manipulação semântica, mas com firmeza ética e compromisso com a justiça social.
Nosso papel, como veículo independente e comprometido com a cidade, é o de lançar luz sobre os processos em curso, oferecendo à população os elementos necessários para a compreensão crítica da conjuntura. A educação não é apenas um direito — é o elo fundante de qualquer projeto de cidade sustentável, justa e inclusiva. E os professores, por sua vez, são os operários silenciosos dessa construção diária.
Desejamos, sinceramente, que este momento seja superado com grandeza, que os caminhos do entendimento institucional sejam restabelecidos e que Colombo possa transformar este impasse em um ponto de virada em sua política educacional. Ao final, que cada gesto seja guiado não pela vaidade de posições, mas pela responsabilidade com o futuro de nossas crianças e jovens.
Colombo precisa de pontes sólidas — não de trincheiras ideológicas. Que prevaleça o bom senso, a escuta ativa e a coragem de fazer diferente.
Atenciosamente,
Professor Sadraque Rodrigues
Editor-Chefe | Portal Colombense