
O nocaute brutal sofrido por Xicão Teixeira diante de Derrick Lewis neste sábado (12), no UFC Nashville, foi mais do que mais uma derrota. Foi o reflexo de uma crise silenciosa, mas profunda, que o MMA brasileiro enfrenta em 2025. O revés de Xicão coroou um cenário dramático: os atletas brasileiros perderam nove lutas principais do UFC na temporada. E o mais alarmante — não houve uma única vitória brasileira em main events neste ano.
A única vitória entre brasileiros no ano foi no duelo entre Mackenzie Dern e Amanda Ribas — ou seja, uma vitória garantida para o país apenas porque as duas atletas são brasileiras. Fora isso, em todos os momentos em que um atleta do Brasil esteve sozinho no topo de um card, o resultado foi o mesmo: derrota. E esse panorama é desastroso para o futuro do esporte no Brasil.
A popularidade do MMA no país sempre caminhou de mãos dadas com os grandes nomes — e os títulos — que o país gerou. Desde os tempos de Royce Gracie até Anderson Silva, José Aldo e, mais recentemente, Charles do Bronx e Alex Poatan, o Brasil manteve o interesse do público porque havia ídolos para se apoiar. Agora, em 2025, os dois principais nomes da atualidade sofreram derrotas dolorosas em disputas de cinturão: Poatan perdeu o título dos meio-pesados e Charles foi nocauteado por Ilia Topuria na luta que valia o cinturão peso-leve.
Apenas com Alexandre Pantoja como campeão sem vitórias brasileiras em lutas principais até aqui no ano, o UFC perde espaço com o grande público — um processo que já vinha em curso desde a saída da organização da TV Globo e, mais recentemente, do rompimento com a Band.
Sem a força de uma transmissão em TV aberta e sem campeões midiáticos que atraiam patrocinadores, fãs e novos praticantes, o MMA no Brasil se tornou refém de resultados. E os resultados, até aqui em 2025, são muito ruins.
É claro que o talento brasileiro segue existindo – nas preliminares, nos eventos menores, em prospectos como Jean Silva, Caio Borralho, Natália Silva e Norma Dumont, entre outros. Mas o MMA é um esporte que vive de grandes momentos e de protagonistas no topo. E quando o topo se torna inatingível, o interesse do grande público também fica reduzido.
A derrota de Xicão Teixeira, peso-pesado expoente de 25 anos, escancara uma realidade incômoda: o Brasil hoje luta para não perder o seu protagonismo no esporte que ajudou a criar.