A Justiça do Chile determinou que os familiares do ditador Augusto Pinochet devem devolver US$ 16 milhões que foram desviados de fundos públicos. A decisão foi tomada pelo Sétimo Tribunal Civil de Santiago, que aceitou uma ação do Conselho de Defesa do Estado para recuperar esse dinheiro que, segundo o tribunal, veio de recursos destinados à Presidência e ao Exército chileno.

O caso ganhou destaque após uma investigação da Suprema Corte que revelou contas bancárias secretas utilizadas por Pinochet e seus colaboradores para esconder dinheiro ilegal, conhecido como caso Riggs.

Segundo o presidente do tribunal, Raúl Letelier, a ação é uma tentativa de reparar os danos causados aos cofres públicos. A defesa dos herdeiros de Pinochet tentou argumentar que o prazo para a ação havia expirado, mas o tribunal rejeitou essa alegação. Os familiares de Pinochet têm a opção de recorrer.

O caso Riggs surgiu em 2004, quando investigações nos Estados Unidos revelaram que Pinochet e seu círculo mais próximo mantinham milhões em contas secretas no banco Riggs e em outras instituições fora do Chile, levando a processos civis e criminais no país. O ditador chileno não conseguiu explicar a origem do dinheiro depositado no exterior.

Cada herdeiro deverá devolver uma parte proporcional do montante, em pesos chilenos e com juros.

Pinochet também havia enfrentado ações judiciais em 2005 por esse desvio, mas não foi condenado antes de sua morte, em 2006. O ditador é apontado como responsável por graves desrespeitos aos direitos humanos que ocorreram durante seu regime, que resultaram na morte de mais de 3.200 opositores e no desaparecimento de 1.469.

Em 2012, a Justiça abriu seu testamento para calcular o real patrimônio do ditador. Ele havia modificado o documento em 2005, após o início das investigações de suas contas.

Na época, Lucía Hiriart, filha de Pinochet, disse ao jornal La Segunda que considerava que a família era alvo de uma perseguição política que começou com a volta da democracia ao país.

A Justiça também chegou a embargar propriedades que ele havia deixado de herança, como casas no bairro nobre de Lo Barnechea, em Santiago, um terreno em Quintero, cidade litorânea da região central chilena, uma casa nos arredores da capital, apartamentos em Reñaca, Iquique, Valparaíso e Santiago, além de três automóveis.



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