Em um trecho recentemente destacado de um de seus discursos, Margaret Thatcher (1925-2013), a “Dama de Ferro”, revisitava em seus pronunciamentos a convicção de que três alicerces —carga tributária equilibrada, ambiente regulatório desburocratizado e segurança jurídica— são indispensáveis para gerar riqueza sustentável. Esses pilares levaram o Reino Unido, na era Thatcher, a elevados patamares de aprovação e prosperidade.

No Brasil, um exemplo emblemático desse legado chegou em São Paulo, em 2020, com o programa Empreenda Fácil. Antes da sua implantação, o processo de abertura de uma empresa no estado podia se estender por mais de 120 dias, vagando em inúmeras etapas e órgãos distintos. Graças à integração digital de licenças e ao balcão único, esse prazo foi reduzido para apenas 21 horas —menos de um dia útil. Padrão China ou Emirados Árabes.

Essa transformação ilustra na prática como a simplificação de normas libera recursos, acelera investimentos e fortalece o espírito empreendedor. A revisão da carga tributária, outro pilar defendido pela ex-primeira-ministra, não se limita à simples redução de alíquotas. Trata-se de reorientar o sistema fiscal para estimular setores capazes de multiplicar empregos e inovação.

Quando o empresário percebe que sua carga tributária reflete eficiência e previsibilidade, ganha confiança para expandir operações e buscar novos mercados, impulsionando cadeias produtivas. A segurança jurídica fecha o triângulo de princípios. Sem estabilidade nas regras do jogo e respeito aos contratos, os projetos de longo prazo perdem fôlego. Experiências recentes em São Paulo, como a criação de centros de conciliação empresarial, mostraram que decisões mais céleres e transparentes atraem capitais para infraestrutura, energias limpas e tecnologia. A previsibilidade legal reduz o custo de capital e abre caminho para parcerias estratégicas.


Thatcher sempre repetia que prosperidade nasce da confiança no indivíduo e em seu trabalho duro —e não do excesso de controle estatal. Inspirados nessa visão, quando no governo paulista criamos programas como o Investe SP, que atraiu R$ 118 bilhões em investimentos estrangeiros para setores como tecnologia e infraestrutura, papel e celulose, entre outros, consolidando o estado como maior polo econômico do país. Foram medidas que mostraram que, quando se oferece segurança e estabilidade, o investimento floresce.

Outro passo importante foi incentivar a inovação e conectar o setor público ao privado. Thatcher defendia a coragem de romper privilégios históricos para colocar o interesse coletivo acima de corporações. Com o InovaSP, aproximamos universidades, startups e empresas, fomentando soluções para saúde, mobilidade urbana e sustentabilidade —sempre com foco na eficiência e na liberdade de criar. Hoje o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dá continuidade, acertadamente, a esses programas. E merece reconhecimento por isso.


No campo social, a inspiração liberal deve traduzir políticas de qualificação profissional. Thatcher dizia que políticas assistenciais devem ser trampolim para a autonomia, não para armadilhas de dependência.

Quando o Estado deixa de ser obstáculo e passa a ser parceiro, prosperidade e justiça social se tornam realidade e não discurso populista.

É hora de combinar carga tributária inteligente, desburocratização digital e segurança jurídica robusta para que o Brasil assuma de vez seu lugar entre as grandes economias do mundo. Como ensinou Thatcher, nosso maior ativo é a liberdade de empreender.

TENDÊNCIAS / DEBATES

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