
A edição deste ano da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, mistura parque de diversões e feira livre. O resultado é um público com olhar sempre ocupado.
O objetivo da organização do evento e das editoras, como nas bienais anteriores, é atrair o público para os livros. Mas novas táticas entraram na estratégia.
Nos corredores lotados, a atenção para os estandes das editoras é dividida com “escape room”, cosplays, e salas de conversa com presença de autores famosos. No lado externo, ao lado da praça de alimentação, a roda-gigante é outra novidade procurada.
Acompanhada de três amigas neste sábado (21), a corretora Simone Coutinho, 38, levou à Bienal quatro crianças de três anos, que entraram animadas para ver a roda-gigante e saíram encantadas com as cores dos livros de colorir que haviam ganhado. Para alimentar o hábito da leitura, diz Coutinho, será um pulo. “Eles estão descobrindo a pintura, o mundo das cores. Logo, logo vem o mundo das letras”, diz.
A roda-gigante tem filas de espera de até uma hora. Os ingressos postos à venda online têm esgotado ainda pela manhã. As 16 cabines da roda são temáticas, com ilustrações e sons de contos famoso, como “Alice no País das Maravilhas”, e animações, como “Lilo & Stitch”.
“Comprei ingressos para a Bienal para dar um passeio em família, mas descobri novos interesses”, afirma Fernanda Ramos, 29, que saía do evento com três bolsas de livros, duas delas de “Bobbie Goods“. “Só senti falta de mais espaços infantis.”
Para o público jovem, especialmente os fãs de romance e suspense, a atual edição da Bienal é uma Disneylândia. O “escape room” dedicado aos livros de suspense tinha fila e vagas esgotadas ainda no início da tarde deste sábado.
Na sala temática fechada, o público é instigado a desvendar enigmas durante os dez minutos de visita. Quatro livros de suspense servem de referência.
Além dessas atrações, a Bienal deste ano tem conversas entre o público e autores famosos no estande do TikTok, um labirinto sensorial da editora Darkside, uma biblioteca lúdica voltada ao público infantil e uma sala de cultura pop para exposição.
Com tanto estímulo, atrair a atenção do público é desafio para os autores independentes presentes na Bienal. O quadrinista Lucas Eklipse comemorava cada livro vendido com uma verdade de feirante.
“Vai ter gente que vai passar e não vai querer parar, mas trabalho a comunicação. A venda dos livros já pagou o que gastei para expor aqui. Saio no lucro”, diz.
Eklipse ficou feliz ao vender para um jovem que havia gostado dos quadrinhos horas antes, mas estava sem dinheiro quando passou pela primeira vez.
A paulista Larissa Pozatti, 23, viajou à Bienal para encontrar sua autora favorita, Caroline Fawley, e seu grupo de seis amigas. Todas são fãs da autora e cada uma saiu de um estado do país.
A obra de Fawley, uma trilogia de um romance de fantasia com pitadas sexuais, foi descoberta pelo grupo em redes como TikTok e Instagram.
“A Bienal do Rio parece três vezes maior que a de São Paulo. Mesmo muito cheio, o evento é grande e tem muito a descobrir. Ainda que não nos instigue a virar escritoras, ter esse prazer pelos livros abre nossa mente para novos interesses”, diz Pozatti.