
A ativista Martha Lía Grajales, que a Justiça da Venezuela processa por “incitação ao ódio” e “conspiração”, foi libertada nesta terça-feira (12), confirmou seu marido Antonio González.
Grajales, que lidera a ong SurGentes, foi presa em 8 de agosto logo após uma manifestação em favor de detidos pós-eleitorais em frente ao escritório das Nações Unidas em Caracas. O Alto Comissário de Direitos Humanos, Volker Türk, exigiu na segunda-feira (11) sua “libertação imediata”.
“Quero informar que Martha Lía recebeu uma medida substitutiva da privativa de liberdade”, disse González, também membro da SurGentes, em um vídeo divulgado na rede social X.
González indicou, no entanto, que segue em andamento um processo judicial “que é claramente arbitrário”.
O Ministério Público da Venezuela informou na segunda-feira que Grajales é investigada pelos crimes de incitação ao ódio, conspiração com governo estrangeiro e associação criminosa.
Após a reeleição do presidente Nicolás Maduro, denunciada como fraudulenta pela oposição, eclodiram manifestações que deixaram 28 mortos, cerca de 200 feridos e mais de 2.400 detidos, dos quais cerca de 2.000 foram libertados até o momento, segundo números oficiais.
Grajales tem acompanhado várias protestos do Comitê de Mães em Defesa da Verdade formado por familiares de detidos pós-eleitorais, processados em sua maioria por “incitação ao ódio” e “terrorismo”, crimes que podem acarretar penas entre 10 e 30 anos, a máxima na Venezuela.
O presidente Maduro, por sua vez, afirmou nesta terça que várias ongs envolvidas na defesa de detidos pós-eleitorais são financiadas pela CIA e pelo Departamento de Estado americano.
Então, “pedem para criar um falso comitê de mães pela liberdade de presos políticos e quando você vê a lista são todos os que mataram pessoas no país, são os que feriram pessoas inocentes”, disse Maduro. “São presos políticos os que atacam com violência e matam? São terroristas”, concluiu.