
Quando dissemos que os europeus não levam tal competição a sério como nós, sul-americanos, por exemplo, não se está dando uma desculpa, justificando ou passando pano. É apenas uma informação. Há, claro, uma certa empáfia, principalmente se estivermos falando de times que sequer figuram no reduzido do bloco da elite europeia citada pelo técnico do Flamengo.
Sejamos diretos: Real Madrid, PSG, Manchester City, Liverpool, Barcelona, Bayern, por exemplo, em campo motivados, jogando à vera, deixando a cancha tudo que podem, seriam obstáculos perto de intransponíveis para equipes de fora da Europa. Motivo? Simples: eles têm mais dinheiro, consequentemente, contam com Vinícius Júnior, Dembélé, Haaland, Lamine Yamal? Enquanto isso, o maior talento surgido no Brasil na última temporada, Estêvão, está praticamente de malas prontas para reforçar o Chelsea no próximo mês.
Mas fora essas equipes da camada mais alta dos atuais times da Europa, há outros que não são tão poderosos. Seja por não terem o mesmo potencial de investimento, ou por uma política de contratações que fuja do padrão. É o caso da equipe que o Flamengo derrotou no sábado. O Chelsea já investiu perto de 1,5 bilhão de euros no elenco, incluindo atletas emprestados. Mas são basicamente jovens que formam um time muito forte, mas ainda abaixo do grupo de elite
Podemos dizer que o quarto colocado da Premier League está no nível próximo das melhores equipes da América do Sul. Não por acaso o Flamengo venceu e se impôs sobre o Chelsea na Filadélfia. A distância entre eles, o campo mostrou, não é tão grande assim, talvez nem exista. Benfica, Porto, Borussia Dortmund não foram capazes de derrotar, respectivamente, Boca Juniors, Palmeiras e Fluminense. Pelo contrário, os três escaparam da derrota por pouco.
Já o histórico triunfo do Botafogo sobre o campeão europeu mostrou que, atuando de forma extremamente cautelosa, dando a posse de bola para o oponente, utilizando as armas que pareciam ao seu alcance, o time sul-americano foi capaz de vencer o Paris Saint-Germain. Não seria absurdo dizer que numa sequência de jogos, como nos playoffs das modalidades americanas, dificilmente a equipe francesa não sairia vencedora ante qualquer adversário não europeu. Mas em um jogo?
Como comentei sexta-feira, no Posse de Bola, no UOL, a vitória alvinegra sobre o PSG deve mudar a maneira como os representantes da Europa irão encarar os próximos confrontos com não europeus, especialmente os da América do Sul. O triunfo do Flamengo sobre o Chelsea naturalmente ampliou esse sinal de alerta. Vejamos como reagirão, porque agora já sabem que, se não deixarem em campo tudo que podem, certamente sofrerão novas derrotas.