A 36ª edição da passeata em homenagem a Raul Seixas, marcada para 21 de agosto, corre o risco de acontecer sem verba nem palco para os shows previstos. O cantor, morto em 1989, completaria 80 anos neste ano.

Segundo os organizadores, a situação é fruto de um embate político entre parlamentares do PSOL e a Prefeitura de São Paulo. O evento seria bancado por meio de emenda de R$ 150 mil do vereador Celso Giannazi (PSOL), mas proposta está emperrada na Casa Civil.

A celebração ocorre anualmente desde 1990, no trajeto das escadarias do Theatro Municipal até a Praça da Sé. Desde 2007, a passeata é apoiada por lei municipal de autoria do então vereador e atual deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL), irmão de Celso.

“O prefeito, por birra política, não libera. Estamos desesperados porque vem gente do país todos”, afirma uma das organizadoras da passeata, Gabriela Mousse. Seis bandas estão convidadas e espera-se um público de até 3.000 pessoas.

Procurada desde segunda (11), a prefeitura não se manifestou.

No ano passado, um impasse entre a Casa Civil e a Secretaria Municipal da Cultura impediu o aluguel de palco do evento. Para evitar a repetição do episódio, os organizadores solicitaram a Celso a emenda para viabilizar a estrutura deste ano.

“Não queremos fazer parte dessa picuinha política. Até porque Raul era anarquista. Pedi ajuda do Carlos porque ele que criou a lei”, diz Mousse. Ela agora tenta o custeamento através da Secretaria de Cultura, mas esbarra no mesmo problema do ano passado.

“Ninguém assume a culpa. O pedido está lá”, afirma. Ela mostrou à coluna diversos ofícios e conversas que teve com membros da gestão Ricardo Nunes (MDB). Um dos prints sinaliza que a proposta já teria sido liberada pela Secretaria de Cultura desde 26 de junho, mas seguiria emperrada na Casa Civil.

As mensagens também afirmam que, se a emenda continuasse parada, a pasta comandada por Totó Parente poderia contribuir com R$ 50 mil —um terço do valor pedido.

O caso motivou um pedido de providências ao Ministério Público, assinado pelos irmãos Giannazi e pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL).

No documento, eles acusam a gestão municipal de “boicote” ao evento. Também citam outros episódios que consideram “ataques reiterados” à cultura da capital, como a demolição do teatro no Parque do Povo, a desapropriação do Teatro de Contêiner e a suspensão da Flipei (Feira Literária Pirata das Editoras Independentes) às vésperas de sua realização.

Ricardo Nunes não liberou nenhuma emenda proposta pelos seis vereadores do PSOL em 2025. Como a Folha mostrou no ano passado, vereadores aliados ao prefeito receberam mais que o dobro do valor destinado à oposição em emendas parlamentares. À época, a gestão negou favorecimento.


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