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Começo a edição de hoje com uma informação que pode ser polêmica: precisamos de certo nível de estresse para motivar nosso dia a dia de trabalho. Mas, calma, porque as doses são pequenas.

Entenda: o estresse é uma resposta adaptativa e natural do organismo que te prepara para enfrentar uma ameaça, seja ela real ou potencial. Do ponto de vista fisiológico, tudo que te tira de um estado de equilíbrio gera uma resposta de estresse, explica Ana Carolina Souza, neurocientista e sócia da Nêmesis, empresa de neurociência organizacional.

Somos expostos a pequenas situações estressoras o tempo todo. “Quando você levanta de manhã, sua pressão sobe, você tem uma liberação de cortisol, porque você sai de um estado deitado e equilibrado para colocar o corpo de pé para se mexer“, diz Souza.

No universo corporativo, pode ter origens internas ou externas:

O estresse interno é gerado por motivações pessoais. “Algo dentro de mim que me faz querer viver isso e que, mesmo sendo desafiador, me faz querer vencer, crescer e conquistar isso”, exemplifica a neurocientista.

↳ Um certo nível de tensão, inclusive, quando motivado pelo desejo de crescer e conquistar, pode trazer um ponto ótimo de performance.

O estresse externo costuma acontecer em um trabalho com altos níveis de cobrança. “Alguém gritando na sua orelha, te obrigando a fazer coisas que você não vê sentido e que você não quer fazer”, diz.

↳ No dia a dia, a mobilização para realizar as tarefas geralmente vem de fora: chefes e empresa que cobram, uma meta que dobra, etc.

A cobrança no ambiente de trabalho faz parte, mas, se os indivíduos não sabem o que realmente os motiva (aquele estresse interno), a tendência é que reajam à pressão externa de forma defensiva, pontua Souza.

  • “Eu rejeito o que me incomoda, que me gera pressão e que não faz sentido para mim. Então, a tendência é evitar, discordar, procrastinar, fazer, mas não fazer direito, porque não se dedicou”, exemplifica.

Quando essa situação acontece com frequência ou o estresse é muito elevado, os primeiros impactos são no comportamento. Os sinais incluem:

  • Não dormir direito;
  • Aumento do consumo de álcool, cigarro, alimentos com muito açúcar e gordura como forma de recompensa por “dias difíceis”;
  • Falta de disposição para fazer as coisas (cansaço excessivo);
  • Procrastinação de tarefas difíceis;
  • Irritabilidade, sentir-se incomodado com tudo e com as pessoas;
  • Problemas de comunicação e individualismo na equipe.

A longo prazo, de acordo com Souza, o estresse pode levar a problemas físicos de saúde, como gripes frequentes, alergias atacadas e dores de cabeça. “Você vai ter um desgaste deste organismo por uma ativação excessiva de uma resposta que era saudável e agora deixou de ser”.

Luciane Vecchio, psicóloga e especialista em carreiras, também cita dor de estômago, de crises intestinais, insônia como outros sinais desse estresse.

O desfecho? Questões relacionadas à saúde mental, como burnout, burn on (exaustão crônica), pânico e depressão, segundo a neurocientista.

Como encontrar o equilíbrio?

A chave, para Souza, é entender de que maneira as necessidades da organização e as cobranças se conectam com seu interesse, necessidade e motivação.

↳ Uma maneira de fazer isso é mudar a forma como você enxerga os desafios. Se você receber uma tarefa complicada que pode causar algum estresse, tente olhar pelo lado positivo: com a resolução do trabalho, você pode ganhar visibilidade e mostrar que sabe lidar com situações adversas, por exemplo.

Recebeu alguma demanda de última hora que precisa ser entregue com urgência? Tente tirar proveito da situação. “Eu posso negociar [com o gestor]: ‘Ah, então tudo bem, eu faço, mas aí eu posso sair mais cedo na sexta? Será que eu posso participar da apresentação ou da entrega?’”, exemplifica Souza.

É importante também manter na rotina algumas práticas de relaxamento e prazer que não necessariamente dizem respeito ao trabalho.

Ter um hobby, como ler ou jogar jogos, tomar um café da manhã prolongado, passar tempo com a família ou fazer exercícios físicos são atividades que podem ajudar a desligar o sistema de defesa, que é o responsável pelo estresse.



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