
A investigação sobre a colisão entre um helicóptero militar e um avião comercial ocorrida em janeiro, em Washington, encontrou falhas nos instrumentos de altitude da primeira aeronave. A tragédia deixou 67 mortos e levantou preocupações sobre a segurança da aviação nos Estados Unidos, bem como sobre problemas técnicos em equipamentos usados pelas Forças Armadas do país.
As conclusões preliminares foram apresentadas em três dias de audiências organizadas pelo Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB, na sigla em inglês), de quarta (30) até esta sexta (1º).
O acidente ocorreu em 29 de janeiro, nas proximidades do Aeroporto Ronald Reagan, e envolveu um helicóptero Sikorsky H-60 Black Hawk pertencente ao Exército, e um jato comercial Bombardier CRJ-700.
A presidente do NTSB, Jennifer Homendy, afirmou que os dados analisados mostram discrepâncias de dezenas de metros entre as altitudes indicadas por instrumentos do helicóptero momentos antes da colisão. O piloto reportou que a aeronave estava a 91 metros de altura, enquanto o instrutor indicava 121 metros. A análise posterior apontou que, no momento do impacto, o helicóptero estava a 84 metros.
Homendy afirmou que a origem da divergência ainda é desconhecida, e que outros três helicópteros do mesmo modelo foram inspecionados e apresentaram discrepâncias similares em seus altímetros.
Segundo a investigadora Marie Moler, essas diferenças chegavam a até 40 metros. Em testes em solo, as medições estavam dentro dos limites aceitáveis, mas durante o voo, com os rotores em funcionamento, os altímetros registravam alturas menores do que as reais.
“Uma diferença de cem pés [cerca de 30 metros] é significativa”, afirmou Moler. “Estou preocupada. Existe a possibilidade de que a tripulação estivesse vendo algo muito diferente da altitude real. Vamos continuar investigando.”
O acidente foi a pior colisão aérea que ocorreu na capital americana desde 13 de janeiro de 1982. Na ocasião, um avião da Air Florida bateu em uma ponte sobre o Potomac e caiu, matando 78 pessoas —74 estavam na aeronave, e as outras quatro, em automóveis que atravessavam a estrutura.