Quem ouve Raul Seixas cantar “Capim Guiné”, de 1983, escuta um pouco da infância de Wilson Aragão, cantor e compositor baiano. A canção foi descoberta quando o maluco beleza passava férias na Bahia e escutou alguns jovens tocarem em uma praça de Piritiba (BA). Após o lançamento, o compositor passou a colher os frutos do sucesso e pôde se dedicar exclusivamente à música.

“Música era tudo para ele. A repercussão que ‘Capim Guiné’ teve é até difícil de mensurar. Eu viajei vários países por meio da música e às vezes tomava susto. Estava na Argentina, em um barzinho, e a banda tocando ‘Capim Guiné'”, diz Wilson Aragão Filho, 45, o Pitt Aragão.

Em mais de 40 anos de carreira, Wilson Aragão teve canções gravadas por nomes como Elba Ramalho, Alceu Valença, Falcão e Zé Ramalho.

As letras do compositor são carregadas de memórias de Piritiba, onde nasceu, no dia 25 de abril de 1950, e cresceu. Foi um menino que se divertia em banhos de rios e pegava carona em trens. Corria, pescava e caçava, além de ajudar a capinar a fazenda do pai.

Desde pequeno, mostrava sensibilidade para a literatura. Iniciou pelos quadrinhos e almanaques, depois seguiu lendo muitos livros e passou a escrever.

Começou a cantar adolescente, nos corais da Igreja Presbiteriana, para onde era levado pela mãe. Na mesma época, criou com os primos a banda Os Horríveis, que tocava sucessos dos Beatles e de outros artistas.

Ao alcançar a maior idade, mudou-se para São Paulo e foi tentar a vida. Trabalhou em grandes empresas e formou-se em três faculdades. Continuava a compor, mas escondia suas músicas.

Foi na noite paulistana, onde fazia alguns shows, que conheceu Mirian, também baiana. Casaram-se no final da década de 1970 e passaram a juntar dinheiro para voltar à Bahia.

Em Salvador, nasceram seus três filhos. Até 1983, Wilson Aragão continuou trabalhando em grandes indústrias. Seus empregos fizeram a família migrar para várias cidades.

O artista era também um ativista das questões ecológicas. Estava sempre engajado na causa, indicava a todos parar de consumir plástico e produzir lixo. Também mantinha o costume de plantar mudas na capital baiana e em seu sítio em Santo Amaro (BA).

Sua casa, rodeada de quadros —mais de 60—, revela um outro talento, compartilhado com a mulher, a pintura. Estudou técnicas e, quando não tinha shows, estava sempre pintando entre um gole e outro de cerveja.

Morreu no dia 24 de maio, aos 75 anos, após tratamento de um mês contra um recém-descoberto câncer no fígado.

Deixa a mulher, Mirian, 69, e os filhos Pedro, 46, Wilson Filho, 45, e Rui, 41.

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