As pessoas são reféns de suas personalidades? Em princípio, personalidade não é destino. O conjunto de características psicológicas que marca como cada um de nós sente, pensa e age é algo razoavelmente estável, mas não imutável, podendo sofrer alterações ao longo da vida.
Eu receio, porém, que escapar às determinações da psique é mais difícil para algumas pessoas do que para outras. Se quisermos imprimir um lustro moral a essa ideia, é só lembrar da fábula do escorpião e do sapo. Os dois acabam morrendo porque o aracnídeo não conseguiu conter sua “natureza” e aferroou o anfíbio que lhe dava carona para cruzar o rio.
Lula começou bem na crise com os EUA, mas acabou escorregando em sua incontinência verbal. Chamar Donald Trump de “imperador do mundo” e classificar suas ações como “chantagem inaceitável” pode até ser materialmente correto, mas não ajuda o Brasil a buscar uma saída negociada, o que deveria ser prioridade absoluta.
Algo parecido vale para Alexandre de Moraes. A incontinência aqui não é verbal, mas de caneta (penal?). No Brasil, a democracia está vencendo, e Bolsonaro deverá ser condenado por tentativa de golpe. Não havia necessidade de baixar medidas cautelares não previstas em lei que muitos entenderam como censura —o que só empresta verossimilhança à tese de que Jair Bolsonaro é perseguido pela Justiça.
Chegamos, por fim, a Trump, que, além do narcisismo que partilha com Lula e Moraes, tem como traços marcantes de sua personalidade o maquiavelismo e a psicopatia.
Trump, a exemplo de alunos de 5ª série, pensa por apelidos. Ele cansou de ser chamado de “TACO” (sigla para “Trump sempre amarela” em inglês), já que o codinome evoca covardia, e deverá usar o Brasil para provar que não é sempre que recua em tarifas, sem ligar para consequências.
A combinação de altas doses de narcisismo, maquiavelismo e psicopatia numa mesma personalidade é o que a literatura psicológica chama de tríade sombria, marca de líderes autoritários, incluindo alguns dos grandes vilões da história.
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