O time de Abel Ferreira tem desfalques importantes para enfrentar o Chelsea. Por outro lado, o Palmeiras é um time mais motivado para disputar essa competição. O time inglês parece lento e desmobilizado em campo. Reclamam do calor, não escondem que gostariam de estar de férias. É justo pensar que quando a bola rola todo esse muxoxo vai embora e ganhar passa a ser o que todos buscam. Mas existe um cálculo emocional, mesmo inconsciente, que joga a favor do Palmeiras: vai dividir as bolas com mais gana, vai correr mais, vai se dedicar por mais tempo e com mais potência. O Palmeiras pode não estar jogando tão bem, mas esse mesmo time, há poucas semanas, liderava o Brasileirão e fazia jogos bastante satisfatórios. A união do elenco é inquestionável e isso também pesa. Essa tem sido uma Copa que premia esforço, entrega, vontade, disciplina. Eu ousaria dizer que, levando tudo isso em consideração, passa o Palmeiras.

No jogo das 16 horas dessa sexta, entre Fluminense e Al Hilal, temos outra vez orçamentos distintos. O do clube saudita é 12 vezes maior do que o do Fluminense. Um clube que pode gastar quanto quiser porque é apadrinhado pelo estado ditatorial da Arábia Saudita. O céu é o limite. O Al Hilal fez uma partidaça contra o Real Madrid e venceu heroicamente o City fazendo quatro gols. Jogou de forma muito diferente os dois jogos: contra o Real, o time saudita foi para cima. Contra o City, recuou e contra-atacou. Empatou com o Real e humilhou o City. Mas – e esse é um sólido mas – o time jogou a partida da vida contra o City, disputou prorrogação e saiu de campo em macas. Esse desgaste – emocional e físico – pode pesar a favor do Fluminense. Embora tenha elenco europeu e forte, o Al Hilal não tem banco; então, se o time estiver cansado, as trocas deixarão qualquer estratégia mais enfraquecida.

O Fluminense fez um jogo forte com a Inter, mas o desgaste não se compara. O time saiu de campo cansado mas inteiro. Renato tem mostrado que sabe variar estratégias e estudar adversários. Deve entrar com três zagueiros e três volantes outra vez. Inzaghi, o excelente treinador do time saudita, não é um grande conhecedor do jogo do Fluminense, como era Jorge Jesus, o antigo treinador do clube. Essa falta de conhecimento tem jogado a favor dos brasileiros. Pode funcionar mais uma vez.

Essa tem sido uma copa niveladora de tabuleiros. Times considerados mais fortes têm perdido para times considerados menos fortes. Claro que sempre temos zebras em copas, mas o que está acontecendo dessa vez é diferente: método, entrega, disposição e disciplina podem ser vistos em doses muito maiores nos times que não são os favoritos. Os europeus estão cansados, não compraram o barulho dessa competição e começam a conhecer algumas qualidades do futebol sul-americano.

Na dimensão do sonho e do delírio, eu já coloquei Palmeiras e Fluminense na semi. E, como nesse universo tudo é permitido, eu coloquei o Fluminense na final. O bacana dessa Copa inédita é que, até aqui, ela tem respeitado bastante esse ambiente onde os malucos delirantes sonhadores existem. Que continue assim.





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