
Por Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues
Especial para o Portal Colombense – 1º de Maio, Dia do Trabalhador
O dia amanhece em Colombo. Antes mesmo que o sol atravesse as nuvens sobre nossos bairros, milhares de trabalhadores já estão de pé. O vapor da chaleira sobe no fogão, o uniforme está dobrado sobre a mesa, o ônibus aguarda no ponto final e as mãos já calejadas se preparam para mais uma jornada. É 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Mas quem vive do próprio suor sabe que todo dia é dia de esforço, de luta, de dignidade.
Nesta data, o Portal Colombense presta uma homenagem a quem sustenta o país sem fazer barulho, a quem movimenta a economia sem ser manchete, a quem transforma o cotidiano com coragem silenciosa. São os trabalhadores que fazem de Colombo uma cidade viva. A professora que ensina as primeiras letras, o caminhoneiro que cruza a BR-116, o jovem que atende no caixa do supermercado, o policial que patrulha a madrugada, a diarista que entra cedo e sai tarde, o microempreendedor que, com fé e incerteza, abre as portas todos os dias.
Trabalhar é mais do que garantir o pão de cada dia. É manter acesa a chama da dignidade humana. É poder olhar para as próprias mãos ao final do expediente e saber que elas serviram para algo útil, concreto, honesto. Em Colombo, essa consciência pulsa nas veias de gerações. Dos colonos que desbravaram o território aos operários, servidores e comerciantes de hoje, nossa história é moldada pelo esforço diário.
Nas ruas e avenidas, cruzamos com trabalhadores que talvez nunca saberemos o nome, mas cuja presença é essencial: o entregador que enfrenta o trânsito, o agente da limpeza urbana, o técnico que conserta o que não vemos, o atendente que nos escuta com paciência nos balcões públicos. Eles são, muitas vezes, invisíveis aos olhos da sociedade, mas são indispensáveis ao funcionamento da cidade.
E mesmo diante dos desafios, o trabalhador colombense não desiste. Enfrenta longas jornadas, baixos salários, instabilidade e informalidade. Em nossa cidade, estima-se que um terço da força de trabalho esteja fora do mercado formal. Ainda assim, segue em frente. Como Maria Benedita, costureira de 62 anos, aposentada com um salário mínimo, mas que ainda confecciona roupas sob encomenda para garantir autonomia. “Enquanto tiver vista boa e mão firme, vou costurando a vida”, diz com serenidade ou como Vinícius, de apenas 19 anos, aprendiz numa farmácia do bairro Campo Pequeno. Sonha com a faculdade e vê no primeiro salário uma conquista não apenas financeira, mas de cidadania. “É bom saber que posso ajudar em casa e aprender ao mesmo tempo”, afirma. Histórias como essas existem em cada canto de Colombo. São relatos de superação, de fé, de amor à vida. Porque o trabalhador brasileiro acredita que o amanhã sempre vale a pena.
É impossível falar do mundo do trabalho sem destacar a força das mulheres. Em Colombo, elas ocupam espaços fundamentais: nas escolas, nos hospitais, nos comércios, nas casas, acumulando funções, enfrentando desafios, vencendo preconceitos. Patrícia Silveira, técnica de enfermagem há mais de uma década na UPA do Alto Maracanã, relata com firmeza: “A gente cuida de todo mundo, mas nem sempre tem tempo de cuidar da gente. Mesmo assim, seguimos”. Essa entrega é vocação, é serviço, é trabalho – e é com orgulho.
As mulheres trabalhadoras enfrentam jornada dupla, salários desiguais, pouca valorização. Ainda assim, permanecem firmes, equilibrando família e profissão, sobrevivendo com coragem e sensibilidade. Neste 1º de Maio, elas merecem ser aplaudidas não apenas por sua força, mas por sua determinação diária.
O tempo também trouxe novos perfis de trabalhadores. Os jovens se dividem entre empregos informais e cursos técnicos. Aplicativos transformaram motoristas em empreendedores digitais. Pequenos negócios familiares agora vendem pelo Instagram. A tecnologia mudou o modo como se trabalha, mas não mudou a essência do trabalho: esforço, persistência, vontade de crescer.
Douglas e Carla são exemplos dessa adaptação. O casal perdeu seus empregos em 2020 e, com um fogão antigo e a varanda de casa, abriram uma hamburgueria delivery. Hoje atendem boa parte do bairro com seus lanches. “Foi na crise que aprendemos a criar oportunidades”, contam, com orgulho do que construíram. São essas reinvenções que sustentam a alma do Brasil que não para.
Valorizar o trabalhador não pode ser algo simbólico. Precisa ser real. É necessário garantir seus direitos, sua segurança, sua saúde. A Prefeitura de Colombo tem promovido iniciativas em parceria com SENAI, SEBRAE, ACICOL, oferecendo cursos de capacitação, feiras de emprego, apoio ao empreendedorismo. Mas ainda há muito o que avançar. O reconhecimento passa por salários justos, transporte digno, condições humanas de jornada.
Como afirma o sociólogo Felipe Moreira, especialista em mercado de trabalho: “O trabalhador precisa de mais do que elogios. Precisa de políticas públicas que respeitem seu tempo, seu valor, sua dignidade”. E que bom seria se todo dia fosse 1º de Maio nesse sentido.
Ao olharmos nos olhos de quem trabalha, devemos enxergar mais do que ocupações. Devemos enxergar histórias. Vidas que se equilibram entre o suor e a esperança. Em Colombo, o trabalhador é o motor da cidade. Está em cada prédio construído, cada sala de aula, cada loja aberta, cada ônibus em movimento. É ele que constrói, protege, ensina, serve, limpa, transporta, cura e alimenta.
Que neste 1º de Maio, possamos homenagear com mais do que palavras. Com gestos, com respeito, com reconhecimento. Que o legado de nossos pais e avós, forjado no esforço silencioso, inspire nossas escolhas e ações. Que o trabalho seja sempre caminho de justiça, não de sofrimento. E que o progresso nunca ande dissociado da dignidade de quem o realiza.
Ao trabalhador e à trabalhadora de Colombo, fica aqui nossa gratidão. Que este seja um dia de orgulho e que os próximos tragam conquistas. Que nunca falte o essencial: trabalho honesto, reconhecimento justo e a certeza de que vale a pena construir uma cidade com as próprias mãos.
Professor e Jornalista Sadraque Rodrigues
Especial para o Portal Colombense – 1º de Maio